O último trimestre do ano vai trazer o novo álbum de Emmy Curl, alter-ego de Catarina Miranda, disco que tem como cartão de visita “Mirandum”.
A música é uma interpretação de um folclore de Trás-os-Montes, inspirada tanto na melodia como na letra e foi feita um dia antes do seu filho nascer em Vila Real, a cidade natal da artista. Foi feita também quando a covid nos atingiu e Emmy Curl queria gritar coragem para o planeta ansioso.
Conta-nos ela que esteva em Vila Real e começou a gravar sem pensar nas palavras que saíam da boca. Era como se as vozes das montanhas ao seu redor estivessem a cantar através de si. Foi então que percebeu que estava a tocar algo mágico e muito importante para si e para a sua cultura, e sentiu a necessidade de perseguir até o fim. Diz estar a explorar as formas como as pessoas cantavam nos tempos passados, dos quais temos apenas uma documentação muito limitada e que as pessoas nas montanhas ainda cantam assim. O seu novo álbum valoriza essa cultura, prestando respeito ao antigo património cultural.
Depois de escrever “Mirandum”, Emmy Curl mudou-se para a Madeira com a família, despediu-se de Copenhaga e do seu círculo social. Na ilha da Madeira, juntamente com o seu companheiro, o guitarrista dinamarquês Andreas Sidenius e músicos madeirenses criou os Mira Doura.
Lá, tem explorado a improvisação livre e o folclore, e criou um coletivo artístico com o objetivo de facilitar eventos musicais gratuitos, residências artísticas, sessões de improvisação e concertos para a população local e internacional.
Agora, é tempo deste “Mirandum” que, tal como o álbum, é coproduzido por si e por outro músico transmontano, Hugo Correia.
João Pedro Bandeira