Com o Globo de Ouro ainda fresco na mão, A Garota Não, distinguida há poucos dias como a Melhor Intérprete, prémio recebido com discurso sem papas na língua que ganhou destaque na Comunicação Social e virilizou nas redes sociais, oferece-nos uma nova uma canção-bandeira em forma de protesto e manifesto.
Chama-se, simplesmente, “422”. Um título que é um número, e que corresponde aos lucros extraordinários da Galp no primeiro semestre deste ano.
Escreve Cátia Mazari Oliveira, A Garota Não, que “as gasolineiras continuam a conseguir crescer nos lucros. Sorrimos, temos feito um bom trabalho como acionistas destes cartéis. Contam-se aos milhões. E nós sempre a entregar. Pagamos o custo do petróleo e da importação, o custo da transformação do petróleo em gasolina e gasóleo e a margem de ganância de cada posto. E depois pagamos também impostos ao nosso país: há o IVA, o Imposto sobre Produtos Petrolíferos, as taxas sobre emissões de dióxido de carbono e a contribuição do serviço rodoviário. Todos sabemos disto! Não, claro que não sabemos. Que sabemos nós… a não ser que tudo isto é redundante?
E pelo meio fala-se em sustentabilidade e políticas verdes. Anunciam-se metas e valores de investimento. Fala-se em transportes alternativos. Mas andar de bicicleta nas nossas cidades é penoso – não há ciclovias nem preparação para a cidadania e as bermas das estradas são corridas de obstáculos. Fala-se de transportes coletivos. Mas acontece que são insuficientes e não fazem muitas vezes a leitura do fluxo das deslocações nos territórios – e por isso não chegam a ser uma resposta real para quem quer deixar o carro em casa.”
De tudo isto, fala, assim, A Garota Não em “422”, o single que conta com Sérgio Miendes no baixo, Renato Sousa na guitarra e Diogo Arranja na bateria.
João Pedro Bandeira