Nesta época natalícia, há sabores que despertam memórias e a equipa da RDP Internacional quer partilhar consigo receitas e pequenas conversas apetitosas para entrar no espírito da época.
Andreia Rocha: pudim de ovos da Tia Ditinha (Clique para ouvir)
Há sempre muitas tradições em torno da mesa de Natal. Mas há algo que é piada recorrente entre família, que vale a pena partilhar e vai além das filhós e rabanadas: um simples pudim de ovos. No entanto, este pudim é dos mais cobiçados na ceia da minha família e já foi, várias vezes, presente de Natal, por ser a iguaria mais aguardada. Para fazer o pudim de ovos da Tia Ditinha vai precisar de 12 ovos, 1 litro de leite e 400 gramas de açúcar (pode sempre roubar na quantidade de açúcar). Na preparação, junte todos os ingredientes e mexa até dissolver o açúcar. Depois, numa forma untada com caramelo, deite o preparado bem misturado. Tape a forma e leve a cozer em banho-maria numa panela de pressão. Quando a panela começar a fazer barulho, deve baixar o lume e deixar cozer por 25 minutos. No final, desligue o lume e aguarde que a panela fique sem pressão. Retire a forma da panela e deixe arrefecer. Desenforme o pudim a frio e delicie-se.
João Bacalhau: sopa de bacalhau em casa dos Bacalhaus (Clique para ouvir)
Há daquelas comidas que sempre fizeram parte do nosso Natal. Depois, há a sopa de bacalhau, que não sei bem quando entrou no menu lá de casa (seguramente, há mais de 20 anos), mas que já não passamos sem ela.
Depois de demolhado e cozido (nada de deitar fora a água da cozedura!), há que tirar as espinhas e a pele do bacalhau. Numa panela, aloura-se em azeite cebola e alho picados, e junta-se água da cozedura com um raminho de louro, salsa e coentros, até ferver. Demolham-se umas fatias de pão em água fria, espremem-se e juntam-se à água a ferver por uns 10 minutos. Para engrossar o caldo, juntam-se duas colheres de sopa de sêmola de milho previamente dissolvida em água fria e, quando começar a ferver, entra o bacalhau desfiado. À parte, cozem-se em água com sal umas folhas de couve às ripas. Assim que estiverem cozidas, juntam-se (com a água em que cozeram) à sopa. Só falta deixar ferver tudo por mais uns momentos, tirar o raminho de cheiros e servir com alguma salsa fresca por cima.
Se sobrar, não faz mal! No dia seguinte, ao almoço, a sopa vai estar ainda mais apurada!
João Pedro Bandeira: neve lá fora e sonhos na mesa (Clique para ouvir)
O meu Natal é, sobretudo, o da infância passado na Serra da Estrela, com a família. Aquele mesmo gelado, de pés na braseira, no meio da excitação de esperar pela manhã seguinte e correr para a chaminé à procura de uma bola ou um brinquedo no sapatinho (que, soube mais, tarde, não era Pai Natal nenhum, mas fingia acreditar para não quebrar a magia). E, depois, ir para a rua fazer “guerra” de bolas de neve e atacar os sonhos e as rabanadas, porque o bacalhau, esse, já tinha sido degustado ao jantar e o que sobrava ainda dava para uma bela roupa-velha de almoço.
Mário Costa: as argolas de limão da avó (Clique para ouvir)
Na minha família não há tradições ou hábitos de Natal, exceto haver cabrito assado no forno e bacalhau com todos. Mas uma coisa é certa: não havia Natal sem as argolas de limão da minha avó Mariazinha, mãe da minha mãe. Não eram nada de extraordinário, nem tinham nada a ver com os doces de Natal, mas, durante anos, o chegarmos a casa dela e sentirmos aquele cheio no ar era magnífico, e tinham um sabor único. Ela deu a receita a várias pessoas da família, mas ninguém consegue fazê-las como ela as fazia. E, agora ela já cá não está, vamos tentando fazer até acertar. Ainda não chegámos lá! Quer experimentar?
Vai precisar de 2 ovos caseiros, meia chávena de açúcar, um quarto de chávena de leite, um quarto de chávena de azeite, um cálice de aguardente branca, 500 gramas de farinha (com fermento) e raspas de 2 limões.
Batem-se bem os ovos com o açúcar e mistura-se o leite, o azeite, a aguardente e a raspa de limão. Volta a bater-se. Deixa-se a batedeira de lado e começa-se a mexer a massa com a mão. Mistura-se a farinha. Amassa-se bem a massa. Ela estará bem amassada quando se desprender das mãos. Deixa-se descansar 30 minutos. Depois deste tempo, fazem-se argolinhas que vão a fritar em óleo quente. Depois de fritas, deixam-se escorrer e, por fim, polvilham-se com açúcar e canela.
Ana Jordão: surpresa numa consoada com coscorões (Clique para ouvir)
O Natal ribatejano tem que ter coscorões! Naquele Natal específico, com a família toda reunida, uma jovem em particular não pensava no que estava para vir! Naquela consoada junto à lareira térrea, onde os homens da família assavam chouriço, abriam as pipas com vinho e contavam histórias, as mulheres tratavam primeiro do jantar típico da quadra na região: bacalhau com batatas e couves. Após o jantar as mulheres põem, literalmente, as mãos na massa. Num alguidar grande de barro, porque grande também é a família, coloca-se: 1 Kg de farinha; 4 ovos; 150 g de margarina; 2 colheres de sopa de fermento; sumo e raspa de 2 laranjas; uma pitada de sal; 1 dl de água; raspa de 1 limão; 1 cálice de aguardente; meio cálice de vinho do Porto.
Amassa-se tudo junto e quando se levantar a massa e esta esticar tipo “pastilha elástica”, está boa. Durante duas horas “descansa” depois de, segundo a tradição ribatejana, se fazer uma cruz na massa. Após este período estende-se com um rolo da massa de madeira e frita-se. A terminar polvilha-se com açúcar e canela.
Quanto à jovem, dias antes do esperado, teve no dia de Natal a prenda nos braços!
Nuno Galopim: rabanadas à madrinha (Clique para ouvir)
A receita das rabanadas que se fazem em casa dos meus pais foi-nos ensinada pela madrinha do meu irmão, que viveu alguns anos no Porto, onde aprendeu a fazê-las. São de origem conventual e tudo menos coisa de dieta…
Em primeiro lugar, o que é preciso?
1 pão para rabanadas (com dois ou quatro dias de feito)
8 ovos grandes
1 quilo de açúcar de cana, branco, fino
1 a 2 litros de leite meio gordo
Cascas finas de um limão
Cascas muito finas de 5 ou 6 laranjas
Paus de canela em quantidade a gosto (muita, de preferência)
1,5 litros de óleo para fritar
Corta-se o pão em fatias da espessura de um dedo (cerca de 1,5 cm). Num tacho alto e largo, leva-se ao lume o leite bem açucarado, paus de canela e casca de limão. Depois de bem quente, a ferver, e com o açúcar bem dissolvido, põem-se as fatias, uma a uma, a embeber no leite. Retiram-se com todo o cuidado para travessas, onde ficam, lado a lado, sem se sobreporem.
Entretanto, batem-se os ovos e colocam-se num recipiente onde, se possam passar as fatias, uma a uma, embebendo-as, indo de seguida, a fritar no óleo bem quente. Aquece-se o óleo numa fritadeira suficientemente larga e funda. As fatias, uma a uma, são passadas por ovo e fritas.
E agora o “truque” diferenciador: as fatias, depois de fritas, repousam até ficarem frias. Enquanto arrefecem, prepara-se o passo seguinte. Num outro tacho alto e largo (ou no mesmo, depois de lavado), coloca-se o restante açúcar (cerca de um quilo) com um pouco de água e, em quantidade, paus de canela e a casca de laranja cortada às tirinhas muito finas. Num outro tacho alto e largo (ou no mesmo, depois de lavado), coloca-se o restante açúcar (cerca de um quilo) com um pouco de água e, em quantidade, paus de canela e a casca de laranja cortada às tirinhas muito finas. Quando esta mistura ferver, vão-se mergulhando aí as fatias já fritas, uma a uma ou duas a duas; consoante o tamanho do tacho, picando-as com um garfo para que a calda as embeba por dentro. Vão-se virando e picando. Terminada esta operação, colocam-se num recipiente fundo (susceptível de ir à mesa) e regam-se por último com a calda.
E adeus dieta!…
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