As ações da fabricante de veículos elétricos caíram mais de oito por cento em Nova Iorque esta terça-feira, pressionadas pelo anúncio de queda de mais de 50 por cento das vendas de automóveis na União Europeia no início de 2025.
Este decréscimo é atribuído pelos especialistas às recentes posições políticas assumidas por Elon Musk, dono da construtora e um dos responsáveis pelo Departamento de Eficiência Governamental, cargo criado pela Administração Trump.
Esta terça-feira, o preço das ações da Tesla caia 8,39% por cento para 302,79 dólares na bolsa de Nova Iorque.
Esta foi a reação dos mercados aos dados divulgados esta terça-feira pela Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA), segundo os quais as vendas da marca de veículos elétricos de Elon Musk na União Europeia caíram 50,3 por cento. A comparação é feita entre janeiro de 2025 e o mesmo período do ano passado.
Se há um ano a Tesla tinha iniciado 2024 com 15.130 veículos vendidos, a empresa de Elon Musk vendeu apenas 7.517 unidades no primeiro mês deste ano.
Estes dados não denotam, no entanto, um recuo por parte dos europeus na compra deste tipo de veículos. Em contraste com a quebra de vendas da Tesla, janeiro viu um aumento de 34 por cento na compra de carros elétricos em países da UE.
Reação adversa dos consumidores?
Certo é que esta quebra de vendas da Tesla na União Europeia verificou-se num mês em que o multimilionário iniciou funções como um dos responsáveis pelo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), criado pela Administração Trump, papel que lhe tem dado grande destaque na nova Presidência norte-americana.
Em Portugal, a venda de carros elétricos pela Tesla teve em janeiro de 2025 uma quebra de 29,1 por cento, segundo os dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP).
Musk também saltou para as manchetes ao ter interferido na política interna de outros países, nomeadamente da Alemanha. Em janeiro, o dono da Tesla declarou ao partido de extrema-direita, a Alternativa para a Alemanha (AfD), força política que ficou em segundo lugar nas eleições federais do último domingo.
Houve ainda uma forte reação por parte dos europeus, sobretudo na Alemanha, depois de ter sido acusado de fazer a saudação nazi na tomada de posse de Trump.
De acordo com dados da Autoridade Federal de Transporte Motorizado da Alemanha (KBA), foram vendidos 1.277 novos veículos da Tesla em janeiro, uma quebra de 59,5% em relação ao mesmo mês em 2024.
Ferdinand Dudenhöffer, diretor do Instituto de Investigação Automóvel da Alemanha, considera que o comportamento do CEO da Tesla é “extremamente prejudicial” e que “ninguém quer estar associado” ao multimilionário.
“Tesla e Musk estão quase inextricavelmente ligados”, argumentou em declarações à agência France Presse.
As vendas da Tesla na Alemanha representam o total mensal mais baixo desde julho de 2021, de acordo com os cálculos da Bloomberg.
Segundo o Guardian, as vendas caíram 63% em França, sendo o pior desempenho da marca no país desde agosto de 2022. E no Reino Unido, a empresa de Musk vendeu menos veículos que a rival chinesa BYD pela primeira vez.
RTP