Hélder Reis fala de Aljustrel e da lenda da Nossa Senhora do Castelo: “Cada vez mais rico e mais belo o Tejo entra em Portugal e perto de Vila Velha de Ródão dá uma curva brusca e alarga-se pelos campos da Alagada. Pouco depois estreita-se à passagem, entre dois morros, chamada das Portas de Ródão. Quando vem o tempo das cheias as “Portas fecham”, isto é, as águas apertadas violentamente adquirem uma força tal que tudo que ali passa se afunda. Conta a lenda que um arrais exigira aos pescadores que passassem as Portas. Mas iam fechadas. Pediram os desgraçados a proteção da virgem e prometeram levantar-lhe uma capelinha na serra, próximo do castelo, velhas ruínas dum vetusto castro dos Visigodos. Avançaram com o barco. Este afundou-se e veio aparecer pouco adiante junto à praia da Fonte das Virtudes. Somente, caso curioso, desaparecera o barrete dum pescador. Maravilhados, levantaram os olhos para a serra e então viram sentada numa cadeira aberta na rocha a imagem de Nossa Senhora, que parecia abençoá-los. A promessa foi cumprida. A imagem foi levada para a capela que os pescadores mandaram construir. Todos os anos os povos ali vão em Agosto festejar a Virgem, que tão milagrosamente salvara os pobres pescadores.”
(Soromenho, Paulo Caratão (1965), Lendário Rodanense, Separata da Revista de Portugal, Série A, Volume XXX, p.440-441)
Uma viagem pelas tradições, lugares e objetos da História de Portugal são o mote para uma conversa semanal com o apresentador Hélder Reis.