Filipa Martins é uma premiada escritora. Hoje veio falar do seu mais recente livro “O Dever de Deslumbrar”, uma biografia de Natália Correia.
Filipa Martins nasceu em Lisboa, em 1983, e é uma premiada escritora, romancista e argumentista. Recebeu o Prémio Revelação, na categoria de Ficção, atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores (APE), com Elogio do Passeio Público, o seu primeiro romance. Obteve ainda o Prémio Jovens Criadores do Clube Português de Artes e Ideias com Esteira. Em 2009, publicou o seu segundo romance, Quanta Terra. Em 2014, saiu pela Quetzal o seu terceiro romance, Mustang Branco, a que se seguiu, com a mesma chancela, Na Memória dos Rouxinóis (2018), Prémio Manuel de Boaventura. Finalista dos Prémios Sophia, da Academia Portuguesa de Cinema, dedicou-se – nos últimos seis anos – a estudar a vida e a obra de Natália Correia, tendo sido coautora de um documentário e co-argumentista de uma série de televisão sobre esta escritora açoriana.
Sinopse de “O Dever de Deslumbrar”: “Intimidando pela verve de aríete e pela beleza, Natália Correia simbolizou, como poucos, as inquietações do século XX português. Precoce e radical no pensamento feminino, vítima de efabulações e de mitos, incompreendida e amada, lançou um olhar oracular sobre o seu tempo. Em tertúlias, que eram verdadeiras olimpíadas da confraternização lisboeta, o seu traço aglutinador envolvia, juntamente com o fumo dos cigarros, intelectuais e admiradores, que se irmanavam com párias e malditos em ideias e poemas de vanguarda. Mulher deslumbrante e carismática, equiparada às maiores pensadoras europeias e às estrelas de Hollywood, atacou o Regime onde mais lhe doía – na moral caduca -, elegeu o erotismo como arma política e tornou-se a autora mais censurada da ditadura. Já no bar que fundou em Lisboa, fez e desfez governos à batuta da sua boquilha. Nesta biografia, da autoria de uma das vozes mais seguras da nova literatura portuguesa, convivem a libertária e a conservadora, avessa a expor a sua atribulada vida íntima, a mulher que desprezava a política partidária e que nela viveu, inclusive como deputada; o espírito frágil e o temperamento intempestivo; o polémico exercício de funções diretivas em órgãos de imprensa e a defesa intransigente das causas maiores; e, em todas as páginas, as contradições e coerências de uma pensadora capaz de criar para si própria uma narrativa que não a torturasse pelas escolhas que fez.”