Neste episódio Hélder Reis fala da Custódia de Belém no Museu Nacional de Arte Antiga, a mais célebre obra da ourivesaria portuguesa, pelo seu mérito artístico e pelo seu significado histórico.
Mandada lavrar pelo rei D. Manuel I para o Mosteiro de Santa Maria de Belém (Jerónimos), a Custódia de Belém é atribuível ao ourives e dramaturgo Gil Vicente. Foi realizada com o ouro do tributo do Régulo de Quilôa (na atual Tanzânia), em sinal de vassalagem à coroa de Portugal, trazido por Vasco da Gama no regresso da sua segunda viagem à Índia, em 1503, é um bom exemplo do gosto por peças concebidas como micro-arquiteturas no gótico final.
Custódia em ouro assente numa base oblonga polilobolada sobre a qual se repartem seis reservas molduradas por cordões de esmalte azul e preenchidas em relevo por flores, frutos, moluscos e aves exóticas em diversas tonalidades de esmaltes translúcidos e opacos de exuberante policromia. Contorna inferiormente a base um friso onde se lê a inscrição em caracteres latinos esmaltados a branco opaco: O. MVITO. ALTO. PRICIPE. E. PODEROSO. SEHOR. REI. DÕ. MANVEL. I. A. MDOV. FAZER. DO. OVRO. I. DAS. PARIAS. DE. QILOVA. AQVABOV. E. CCCCCVI.
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Página sobre a Custódia de Belém no Museu Nacional de Arte Antiga