A responsável pelo Centro de Língua Portuguesa na Universidade de Bucareste, Ana Rita Sousa, anunciou à RDP Internacional que, pela primeira vez, os filhos de emigrantes vão ter aulas de português. Estas terão início em novembro, aos sábados, com 35 alunos. “Temos uma comunidade de adultos jovens, quase todos na área dos negócios a trabalhar aqui com pequenas e médias empresas, e todos eles têm filhos e estão interessados em manter viva a língua“, afirmou. “Serão aulas por agora em regime livre que visa suprir aquilo que é uma necessidade de vários pais. Estamos a ver eventuais espaços para a realização destas aulas. Já temos uma professora, já temos os materiais. Esperamos iniciar este projeto em novembro e a partir daí ver como prosseguir“.
A Universidade de Bucareste, “que tem produzido bastantes investigadores e professores” realiza um colóquio internacional para assinalar os 50 anos de estudos portugueses. Conferências sobre as várias temáticas da língua de Camões e estudos lusófonos com participantes de várias partes do mundo vão dominar os dois dia do encontro “Tradição e Inovação na Cultura Portuguesa- 50 anos de estudo lusófonos na Roménia”. “Este ano temos os primeiros finalistas em língua portuguesa, e ao nível do ensino pré-universitário temos já dois liceus com uma longa tradição. Temos professores que ensinam português do 9.º ao 12.º ano e este ano vamos passar a ter em Bucareste, naquele que é um dos melhores liceus da cidade, e vamos iniciar o ensino do português em duas escolas primárias, a partir do 6.º ano. Esperamos em dois, três anos, ter também o português curricular a esses níveis“, adianta Ana Rita Sousa.
Linguista da Cátedra Fernando Pessoa, a romena Cláudia Vlad confirma o interesse. “No início do ano 2000 havia uma turma de alunos na Universidade de Bucareste de 20 estudantes, mas agora já temos quatro turmas por ano, mais ou menos, 100 alunos. Cresceu nos últimos 10, 15 anos“. Claudia Vlad afirma que também há mercado para os falantes de português especialmente nas multinacionais. As línguas e culturas romenas têm pontos de conexão. “Aqui na Roménia durante a nossa infância, temos a ideia de que há uma palavra dentro do romeno que não tem equivalente nas outras línguas – é a palavra dor – mas quando aprendemos a língua portuguesa descobrimos que o português tem uma palavra equivalente – é a palavra saudade. Talvez esta seja uma palavra que conecta de uma certa forma as duas culturas e as duas línguas“, acrescenta a professora Claudia Vlad.