O Relatório Global sobre o Estado da Democracia 2025 (GSoD na sigla em inglês) indica que 94 países, correspondentes a 54% de todos os países avaliados, sofreram em 2024 um declínio em pelo menos um fator de desempenho relativamente a 2019.
O estudo anual do Instituto Internacional para a Democracia e Apoio Eleitoral (International IDEA), usa um total de 154 indicadores para classificar 173 países em quatro categorias principais de desempenho democrático: Representação, Direitos, Estado de Direito e Participação.
A Alemanha, Dinamarca, Suíça e Noruega são alguns dos países que consistentemente estão nas primeiras posições das diferentes tabelas, enquanto os EUA variam entre o 35.º lugar em termos de Representação e o sexto a nível da Participação.
“O primeiro semestre de 2025 evidenciou até que ponto a incerteza radical continua a ser uma característica marcante do contexto global. O regresso de Donald Trump à presidência dos EUA reflete essa volatilidade“, refere o estudo.
Os autores destacam como preocupantes a redução do envolvimento diplomático e do apoio financeiro a instituições internacionais como a ONU e a Organização Mundial de Saúde e algumas intervenções excessivas da administração.
“Entre janeiro e abril de 2025, o International IDEA emitiu 20 alertas (o dobro do número registado em qualquer um dos dois anos anteriores), documentando casos em que o governo dos EUA enfraqueceu e aboliu regras, instituições e normas que moldaram a democracia americana“, indica.
Como exemplo cita medidas para limitar a liberdade académica, a criminalização de protestos, a disputa de resultados eleitorais, a restrição do acesso da comunicação social à Casa Branca e o contorno de processos judiciais.
Este comportamento, que só será refletido no relatório do próximo ano porque já aconteceu em 2025, oferece “mais incentivo a líderes populistas autoritários do que a candidatos pró-democracia“.
Apesar de confirmar uma tendência geral de declínio “grave e sustentado” há cerca de uma década, um dos autores do relatório, Alexander Hudson, salientou que ainda existem muitos países onde esta ainda não é sentida e que o ponto de partida é alto.
“Há um problema com a democracia, e não devemos ficar satisfeitos com o estado atual e a trajetória, mas também não devemos entrar em pânico. Não se trata de uma crise da democracia. Não é um declínio terminal da democracia“, afirmou à Lusa.
Este assessor do International IDEA defende que os cidadãos devem “prestar atenção, em cada país, às manifestações específicas do declínio democrático, como o declínio na liberdade de imprensa, que é generalizado, e devem pensar no que poderiam fazer de forma diferente para apoiar a comunicação social“.
O Relatório Global sobre o Estado da Democracia, é produzido anualmente pelo Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral (International IDEA), com sede em Estocolmo, com base em informação de 22 fontes institucionais, incluindo a ONU.
Rita Fernandes, RTP com Lusa