Quase 5 mil portugueses mudaram-se para os Países Baixos em 2023. Os dados divulgados hoje pelo Observatório da Emigração indicam que aquele país europeu se está a consolidar como o quinto destino mais escolhido pela emigração portuguesa. “É o valor mais elevado que temos em registo. Tem sido um dos países que mais consistentemente tem crescido. Nós tínhamos tido uma quebra em 2020 com a Covid mas, desde aí, tem subido exponencialmente, tendo agora quase atingido as 5.000 entradas portuguesas“, afirma a investigadora Inês Vidigal. “Tem duas vertentes: é o aumento que tem acontecido para os Países Baixos e o desaceleramento que tem existido da emigração para o Reino Unido. Com estes dois fatores conjugados, o Reino Unido passou a estar abaixo dos Países Baixos como destino de escolha dos portugueses“. Apesar de ainda não existirem dados consolidados de 2023, a investigadora do Observatório da Emigração indica que “o que se prevê é que Espanha, Suíça, França e Alemanha continuem como os principais países da emigração portuguesa, acima dos Países Baixos“.
“Emigração dispersa”, afirma conselheiro das comunidades
Contrariamente ao passado, em que os portugueses se fixavam em Haia, Roterdão e Amsterdão, hoje a comunidade está mais dispersa e menos dada à vida associativa. “É muito difícil passar informação pela comunidade quando a população está muito dispersa e pouco comunicante entre si. Temos pequenos polos, obviamente. A Associação Portuguesa de Amsterdão é neste momento a grande associação e a mais representativa, onde a comunidade ainda se vai juntando bastante quando há jogos de futebol das equipas portuguesas e da seleção nacional. Mas até a própria Associação está neste momento com um aviso de saída das instalações marcado para 1 de Abril de 2025“, afirma Tiago Soares à RDP Internacional, lembrando que o Centro Português de Roterdão fechou este ano.
O conselheiro das comunidades nos Países Baixos defende um maior envolvimento dos novos emigrantes na vida associativa a par da modernização das associações. “Eu tenho 35 anos e não tenho problema nenhum em assumir que a nossa geração – esta geração dita a mais bem qualificada de sempre – tem que começar a marcar presença na parte social e a envolver-se com as associações. Obviamente há uma estrada de dois sentidos. As associações também têm que se abrir e modernizar para acolher esta geração, e sobretudo é preciso que estas associações façam novamente parte do programa de apoio ao movimento associativo da Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas“, acrescenta.